domingo, 18 de fevereiro de 2018

Minha boca saliva a baba
Fruto desse ar apimentado
dessa orquestra a la Casa Grande
Desse sinhozinho Temer

Seus sustentáculos: Ordem e Progresso
Uma reescrita de Heinrich Himmler a la Walter Braga Netto
estampado de verde e amarelo o tumbeiro Exército a la SS
Financia as covas destinadas pros pretos favelados
Fechando com Pézão e convidados: o chão sedimentado pro triunfo sobre o extermínio em massa

No enterro dos rejeitados
a classe burguesa se afoga em consumo promocional
Gozam isteries
Com cada preto custando 4, 00 a hora pra serviço terceirizado a la escravatura

Essa pátria carrasca mimosa dos sonhos brancos de sinhozinho Temer
nos revira no estômago memórias de um tempo outro-este
O medo pousa em nosso peito que levanta nossa ginga
Que nos dá a força pra meia-lua
Que nos faz erguer
Que acelera e se desfaz como novelo
nas ondas que quebram e nascem nos seios de Yemanjá

Odoyá Yemanjá!
Banha de leite materno nossas entranhas
abraça forte o nosso peito negro
Ouço o riso do Dono de escravo, de outrora, na beira do precipício de minhas memórias

Mamãe Yemanjá!
Mela de sal minhas memórias: faz arder minhas feridas
Nos refugia, Yemanjá, em teu peito que como concha
guarda a nossa esperança: Nossa pérola negra encharcada de sangue e suor.

Tenhamos força, camará!


Joyce Viana